Representando o Poder Executivo estadual, o governador Carlos Brandão participou de sessão solene especial na Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), que concedeu a medalha Manuel Beckman, maior comenda da Casa, ao ex-governador do estado e ex-presidente da República, José Sarney. A solenidade aconteceu nesta quarta-feira (19), no Plenário Nagib Haickel.
A entrega da medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman, a mais alta honraria do Poder Legislativo do Maranhão, ao político e escritor maranhense José Sarney, de 94 anos, foi proposta pelo deputado estadual Roberto Costa. A medalha Manuel Beckman é concedida a personalidades que tenham grande contribuição para o desenvolvimento do Estado.
O governador falou da trajetória política de José Sarney, destacando seu mandato como presidente da República em um dos momentos mais importantes da história do Brasil.
“José Sarney foi empossado após a fatídica perda do seu companheiro de chapa, Tancredo Neves, e ficou diante do desafio de manter o país nos trilhos para a democracia. E neste momento o seu equilíbrio e experiência fez diferença. Convocando a Constituinte, nos legou a mais democrática Constituição da nossa história, garantindo o equilíbrio democrático e social para dar fim à ditadura”, disse Brandão.
Ao receber a medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman das mãos da deputada estadual Iracema Vale e acompanhar os discursos em sua homenagem, o ex-governador e ex-presidente José Sarney se dirigiu ao púlpito do Plenário Nagib Haickel onde se disse honrado e surpreso com a homenagem e fez seus agradecimentos.
“O parlamento é o coração da democracia, pois é ele que representa verdadeiramente o povo. E o político é sem dúvida alguma um homem que serve à comunidade. E a maior função da política é harmonizar os conflitos. E este foi o meu norte em toda a vida pública. Por isso convoquei a Assembleia Constituinte, em 1986, que foi instalada oficialmente em 1987, e que culminou na Constituição de 1988, pois sem ela não seria possível haver a transição democrática. Então, tenho absoluto orgulho de ter presidido o Brasil nesse período”, discursou José Sarney.
A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, afirmou que, ao conceder a honraria, a Casa reconhece e homenageia a história e o legado de José Sarney, que são reconhecidos no mundo todo.
“Temos na parede do nosso plenário uma frase de José Sarney a qual diz que sem parlamento livre não há democracia. Por isso, a homenagem de hoje honra esta Casa. José Sarney é um grande estadista e contribuiu muito para a construção do Maranhão e do Brasil, sendo o responsável pela transição democrática. Em seu governo a Constituição Cidadã foi promulgada. Portanto, é um dia histórico para todos nós”, afirmou Iracema Vale.
Para o deputado Roberto Costa, a concessão da Medalha Manuel Beckman é uma forma de reconhecer em vida o legado de José Sarney para o Maranhão, tanto na política quanto nas letras.
“O ex-presidente José Sarney é um dos maiores estadistas do país e vai receber um justo reconhecimento dessa Casa Legislativa. Ele tem sua história escrita na vida política, social e cultural do Maranhão e do Brasil. O estadista José Sarney é a soma do homem, do político e do intelectual, que sempre defendeu o direito como a base da democracia, nunca se afastando desse princípio”, disse Roberto Costa.
A homenagem também teve a exposição “Hoje é dia de… José Sarney”, realizada em parceria com a Fundação da Memória Republicana, no hall de entrada do Plenário Nagib Haickel, e composta por painéis que retratam capas de obras essenciais do autor, trechos desses títulos e críticas de destaque através dos tempos.
Trajetória política
Nascido em Pinheiro, em 24 de abril de 1930, José Sarney de Araújo Costa graduou-se pela Faculdade de Direito do Maranhão em 1953, e em 1954 iniciou sua vida pública.
Em 1956, assumiu o mandato de deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD). Entre 1966 e 1970, foi governador do Maranhão, tendo sua administração marcada, principalmente pelo desenvolvimento da infraestrutura do estado.
De 1970 a 1979, foi senador pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). Em 1985, como membro da Frente Liberal, foi eleito vice-presidente na chapa de Tancredo Neves. Com o falecimento de Tancredo Neves antes da posse, José Sarney assumiu a Presidência da República, sendo o primeiro civil a ocupar o cargo após 21 anos de ditadura militar.
Entre os marcos do seu governo está a transição para o regime democrático. Também foi durante seu governo que foi promulgada a atual Constituição Federal (1988). Após o término de seu mandato presidencial, elegeu-se duas vezes senador pelo estado do Amapá (1991 e 1999), sendo presidente da Casa no período de 1995 a 1996 e 2003 e 2004.
Produção literária
Ao lado de sua vida política, José Sarney desenvolveu uma extensa carreira literária, como autor de contos, crônicas, ensaios e romances que já somam 120 obras. Em 1952, foi eleito para a Academia Maranhense de Letras (AML) e em 1980 para a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Entre suas obras mais conhecidas estão Marimbondos de fogo, livro de poesias lançado em 1978, o romance O dono do mar, de 1995, e Saraminda, de 2000.