Carlos Brandão
Governador do Maranhão
Por mais que tente, devo confessar que é muito difícil compreender o que motiva ataques em escolas, como os ocorridos recentemente no Brasil. Vidas perdidas pela ação de pessoas que vivem uma realidade sabe-se lá qual. A sensação de insegurança no ambiente escolar, devido aos casos e às ameaças divulgadas pela internet, tem preocupado mães, pais, responsáveis, estudantes e todos nós que trabalhamos para oferecer essa segurança ao cidadão. Mas essa é, realmente, uma luta que precisa ser combatida coletivamente. Afinal, ameaças de atentados e propagação de ódio em redes sociais exigem, também, a atenção de pais e responsáveis sobre os conteúdos acessados por crianças e jovens na internet.
A cooptação de novos adeptos ao extremismo e às ideologias de ódio tem avançado no mundo virtual. Isso é preocupante. Acredito muito que a segurança nas escolas passa pela segurança na internet. Para que se tenha uma ideia, nos últimos dias, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, já anunciou a retirada ou suspensão de mais de 800 perfis – suspeitos de fazer apologia ou incentivar ataques às escolas – das redes sociais. No total, são mais de 1.000 casos em investigação sobre possíveis estímulos à violência nas escolas.
Claro que este é apenas um dos elementos – talvez o maior -, de tanta insegurança. Mas, independentemente disso, devemos ir além e fortalecer nossas ações. E estamos fazendo isso com celeridade. Na última semana, em Brasília, participamos de uma grande reunião com o presidente Lula, governadores e demais agentes ligados ao tema, para a tomada de decisões em relação ao assunto. Entre as medidas anunciadas está a antecipação dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que repassa verbas aos municípios e estados para investimentos em recursos pedagógicos ou de infraestrutura.
A parcela de setembro será adiantada para que parte deste recurso seja utilizada em ações de segurança. Além disso, rondas escolares serão criadas ou fortalecidas; serão destinados R$ 100 milhões para o fortalecimento das guardas municipais; o Ministério da Saúde vai disponibilizar R$ 90 milhões para o programa Saúde na Escola, focado na questão da saúde mental; os estados criarão seus comitês para discussão, em âmbito estadual, de medidas de proteção do ambiente escolar. O nosso já foi criado e contará – além dos representantes de Secretarias Estaduais – com: os representantes da Polícia Federal, do Ministério Público, dos Sindicatos dos Professores, dos Estabelecimentos de Ensino, da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e de várias outras entidades.
No Maranhão, sempre estivemos atentos ao problema. Monitorando a propagação de ameaças a instituições de ensino, para prevenir episódios de violência no ambiente escolar e em seu entorno, nosso sistema de segurança já realizou a apreensão de 15 menores. Sem registro, portanto, de consequências mais severas nesse sentido, pois todos os casos foram interceptados em tempo hábil.
Por isso, mantemos o batalhão escolar ativo e fortalecido; lançamos a Cartilha de Segurança nas Escolas, com orientações práticas aos agentes de segurança; e seguiremos reforçando ações de inteligência, policiamento e ações educativas, apoiando a comunidade escolar.
O mais importante é avançarmos na integração entre escola, comunidade e Segurança Pública. Esses ataques que, no Brasil, estão sendo enfrentados no nascedouro, são consequência do extremismo, da viralização do ódio e da banalidade da violência. É importante que os pais e responsáveis prestem atenção às mudanças de comportamento dos jovens; mas em uma relação baseada na abertura de ideias, na confiança e no respeito. Nossa juventude precisa da garantia de que podem buscar a realização de seus sonhos.